quinta-feira, 9 de junho de 2016

Capítulo II - Atividades de Ensino

II ATIVIDADES DE ENSINO

            Neste capítulo, percorro os caminhos que me levaram à carreira docente e, em especial, ao Departamento de Antropologia da FFCH, onde estou lotada desde meu ingresso na UFBA em 1982 e, ao NEIM. Relaciono, também, os cursos de pós-graduação aos quais estive e estou vinculada, destacando, aqui, as disciplinas oferecidas ao longo dos anos (minhas atividades de orientação, bem como participação em bancas de avaliação de trabalhos acadêmicos e em cursos, serão relacionadas em outro capítulo).
           
2.1 Ensino de Línguas

Quando criança, uma das minhas atividades favoritas era ‘brincar de escolinha’, eu fazendo o papel de professora. Mas, na verdade, nunca me interessei por cursar Magistério (na minha época, chamado de Curso Normal) – ensinar crianças pequenas nunca fez parte dos meus desejos. O ensino em si me interessava e minha primeira atividade remunerada acabou sendo o ensino de inglês como professora particular. De fato, um dos benefícios mais significativos de minha estadia nos Estados Unidos com a bolsa do American Field Service – AFS foi o aprendizado da língua inglesa, o que me possibilitou também ensinar esse idioma. Comecei, assim, a ensinar inglês para jovens e adolescentes como professora particular, atividade essa iniciada logo após meu retorno dos Estados Unidos como bolsista e que se estendendeu até minha de volta para lá, após meu casamento (08/1966 a 12/1967). 
Todavia, verdade seja dita, minha clientela era reduzida, limitando-se a colegas e irmãos e irmãs menores de amigas e colegas. Para ganhar a atenção desses jovens, minhas aulas eram baseadas em canções de preferência dos e das alunas, valendo-me das letras para discutir interpretação de texto, expressões idiomáticas e gramática inglesa. Trabalhei também como professora de inglês, desta feita para o Fisk, em Salvador, Bahia, quando me mudei de volta para o Brasil (01/1981 a 07/1981), usando para tanto o método definido por essa escola de línguas.
Tive também a oportunidade de ensinar português para americanos. A primeira vez foi como atividade voluntária vinculada à Communiversity, um programa da Student Union (União de Estudantes) da Illinois State University – ISU para a comunidade local, na época em que cursava o Bacharelado em Antropologia (1976-1977). A segunda deu-se em Salvador, no início dos anos 1990, quando trabalhei como consultora para o Curso English For You elaborando material didático e lecionando português para uma turma de professoras e professores americanos da Escola Panamericana de Salvador.



2.2   Ensino no Âmbito Acadêmico Anteriores à UFBA
           
Este ano de 2016 estarei comemorando 40 anos de ensino no âmbito acadêmico! Comecei a ensinar antropologia em 1976, na qualidade de monitora enquanto aluna de graduação, continuando até os dias de hoje, oferecendo disciplinas de teoria antropológica para estudantes de graduação e pós-graduação. E, desde a criação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismos – PPGNEIM da UFBA, em 2006, venho também ministrando seminários de teoria feminista.

2.2.1  Monitoria (Undergraduate Teaching Assistantship – UTA) no Departamento de Antropologia da Illinois State University-ISU (1976-1977)
Quando passei a cursar o Bacharelado em Antropologia na ISU, em tempo integral, tive conhecimento da oferta de bolsas de monitoria para graduandos, me inscrevendo e sendo selecionada para ser monitora na disciplina “Introduction to Cultural Anthropology”, ministrada pelo Prof. Dr. Robert Dirks nos semestres I e II do ano letivo 1976-1977, pelo que também recebi os devidos créditos.
Minhas tarefas como monitora nessa disciplina incluíam o acompanhamento das aulas ministradas pelo Dr. Dirks, a compilação das listas de chamada, dar assessoria a estudantes no uso das Human Relations Area Files e participação na elaboração e correção das provas. Além disso, tive também que elaborar e apresentar uma aula durante o semestre, escolhendo, para tanto, a temática da Evolução Humana, apresentada sob o título “The Scheletons in Our Closet”. Boa parte dessa apresentação se baseou na disciplina “Human Evolution”, oferecida pelo Prof. Dr. Martin Nickels, no Departamento de Antropologia da ISU, uma das melhores disciplinas que tive o prazer de cursar!
Essa experiência de monitoria foi fundamental, não apenas para o meu treinamento no ensino de antropologia, como também para a definição da minha carreira como docente. Foi ali que tomei gosto pelo ensino universitário e me apaixonei pela antropologia, tendo muito a agradecer ao Prof. Dirks por ter contribuído para que eu seguisse nessa direção - uma decisão da qual jamais me arrependi.



 Illinois State University - ISU
Normal, Illinois, USA


2.2.2    Graduate Teaching Assistantship (GTA) e Graduate Teaching Fellowship (GTF) na |Boston University (1978-1979)
 Como aluna do Programa de Doutorado em Antropologia da Boston University, atuei como Graduate Teaching Assistant (GTA) da Profa. Dra. Susan Brown e, posteriormente, como Graduate Teaching Fellow (GTF) da Profa. Dra. Maureen Giovannini, na disciplina “Female Perspectives on the Study of Cultures.” Oferecida para todos os programas da BU, com aulas duas vezes por semana, essa disciplina reunia turmas de mais de 100 alunas/os, em um grande auditório, para uma conferência-aula semanal com a docente responsável.  No outro dia de aula as reuniões se davam em grupos menores, cada um com cerca de 25 estudantes, sob a responsabilidade das “Teaching Assistants” (alunas de primeiro ano da pós-graduação) e “Teaching Fellows” (segundo ou mais anos de pós-graduação).
No ano de 1978, fui responsável por duas turmas dessa disciplina, uma por semestre. Tratava-se de uma disciplina introdutória à Antropologia da Mulher, então despontando no cenário acadêmico nos Estados Unidos, representando, para mim, também o ingresso no campo dos estudos feministas, dessa feita como docente, com destaque para a Antropologia Feminista, campo da Antropologia ao qual venho me dedicando desde então!
Foi em preparação para essa disciplina (‘Female Perspectives...’) que vim a ler a monografia de Yolanda e Robert Murphy (1974), Women of the Forest, sobre os índios Munduruku, objeto da resenha publicada na Women in Anthropology Newsletter (SARDENBERG, 1977f) e, posteriormente, trabalho no qual me baseei também para escrever “Matrilocality and Patrilineality in Munduruku Society: A Re-examination form a Feminist Perspective” (SARDENBERG, 1980).
Para essa disciplina, também me embrenhei na leitura da coletânea Towards an Anthropology of Women, organizada por Rayna Reiter (1975), cuja introdução bem discorre sobre a questão do male bias, o viés androcêntrico na Antropologia, com reflexões que me ajudaram a desenvolver uma leitura crítica feminista de textos antropológicos.  Essa coletânea, é bom lembrar, contém, dentre outros artigos, o texto maravilhoso de Gayle Rubin (1975), “The traffic in women: notes on the ‘political economy’ of sex”, hoje um ‘clássico’ no qual a autora teoriza sobre o sistema sexo-gênero, essencial para a construção da problemática de gênero; o artigo de Ruby Rohrlich-Leavitt, Barbara Sykes e Elizabeth Weatherford (1974), “Aboriginal Woman: Male and Female Perspectives”, do qual fiz uso, anos mais tarde, na elaboração de meu texto sobre ordens prático-simbólicas da menstruação (SARDENBERG, 1994), sobretudo no que diz respeito a visões distintas entre homens e mulheres  sobre a menstruação; o de Karen Sacks (1974), “Engels Revisited: Women, the organization of production, and private property”, que traz um importante diálogo com Engels na perspectiva da Antropologia Feminista e; o artigo de Susan Brown (1974), uma das professoras responsáveis pela disciplina em questão, “Love Unites Them and Hunger Separates Them: poor women in the Dominican Republic”, onde ela trata do fenômeno da “monogamia em série” praticada por suas interlocutoras, bem como pelas ex-operárias da Fábrica São Braz que estudei para a minha tese de doutoramento. Tudo isso mostra que o ensino é, de fato, um importante meio de aprendizado!   



BU- Boston University, College of Liberal Arts
Boston, MA



2.2.3 ‘Lecturer’ no Programa de International Development and Social Change da Clark University, Worcester, Massachusetts, USA (1986)
            Por convite da então Coordenadora do Departamento de ‘International Development and Social Change’ (atualmente, Department of International Development, Community, and Environment) da Clark University, Profa. Dra. Barbara Thomas-Slayter, atuei no segundo semestre de 1986 como docente responsável por duas disciplinas: ‘Introduction to Cultural Anthropology’ e  ‘The Family and Sex Roles’.
            A primeira disciplina (‘Introduction’) se baseava em ementa curricular semelhante à disciplina na qual eu havia trabalhado como monitora do Prof. Robert Dirks na ISU, congregando, também, uma turma com mais de 100 estudantes. Isso me obrigou a fazer avaliações baseadas em provas com questões objetivas, principalmente porque eu não tinha monitoras/es trabalhando comigo. Já na outra disciplina sobre família e papéis de gênero, com uma turma de estudantes menor (cerca de 40 alunas/os), foi possível trabalhar mais com discussões na sala de aula e avaliações mais qualitativas.
Nas duas disciplinas, porém, tive a oportunidade/liberdade de trabalhar com uma perspectiva de gênero, feminista, em um momento em que essa perspectiva se firmava como ‘Antropologia do Gênero’. Trabalhei com a coletânea organizada por Michelle Z. Rosaldo e Louise Lamphere (1974), Women, Culture, and Society, traduzida para o português e publicada no Brasil em 1979, sob o título “A Mulher, a cultura e a sociedade”. Em especial, trabalhei com o artigo de Nancy Chodorow (1974), “Estrutura Familiar e Personalidade Feminina”, além do texto de Carol Stack, “O Comportamento Sexual e Estratégias de Sobrevivência numa Comunidade Negra Urbana.”  E como não poderia deixar de ser, também me baseei no texto de Sherry Ortner, “Está a Mulher para o Homem, assim como a Natureza está para a Cultura?”. Recemente, tive a oportunidade de escrever uma resenha especial desse texto, que irá integrar uma nova tradução dessa clássica coletânea!


Clark University - Worcester, MA, USA



2.2.4 Professora Assistente na Univ. Católica de Salvador (03/1982-09/1982)
Em Março de 1982, me candidatei e fui selecionada para atuar como Professora Assistente na Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Salvador – UCSal, na Bahia, ficando responsável pela disciplina Antropologia Social. Naquela época, a diretora da Escola era a Profa. Liliana Mercuri, que me confiou essa disciplina a ser oferecida no primeiro semestre de 1982, para  uma turma de mais de 50 alunas do Curso de Serviço Social.
Foi a minha primeira experiência docente em âmbito universitário no Brasil, exigindo de mim muitas horas de preparo semanal para as aulas, haja vista que todo meu treinamento acadêmico anterior havia sido feito nos Estados Unidos e, portanto, na língua inglesa, havendo assim muitos termos técnicos que eu desconhecia em português. Lembro-me que percorria as prateleiras da Livraria Civilização Brasileira, então na Rua Carlos Gomes, à procura de livros de antropologia que pudessem me ajudar a encontrar os termos apropriados no preparo das aulas. Foi assim que lendo Roberto Cardoso de Oliveira (2000), Roberto da Matta (1978), Gilberto Velho (1978) e    a coletânea organizada por Edson Nunes (1978), comecei a mergulhar na ‘antropologia brasileira’, um mergulho necessário dado o meu treinamento anterior que colocava as antropologias de ‘outros mundos’ nas margens.
Confesso, porém, que estranhei muito a dificuldade em encontrar livros sobre ‘antropologia da mulher’ e ‘antropologia de gênero’ produzidos aqui. A coletânea Perspectivas Antropológicas da Mulher, organizada por Bruna Franchetto e Maria Luiza Heilborn (1982) foi uma feliz exceção. Aliás, faço uso dessa coletânea até hoje, inclusive no semestre atual em que leciono a disciplina Curso Monográfico em Antropologia Feminista.
Vale registrar que, mal terminei o semestre em questão me vi acamada, com hepatite, não podendo assumir uma nova turma na UCSal de imediato no semestre seguinte. Logo depois, fui notificada de que havia sido convocada para assumir o cargo de Professora na Universidade Federal da Bahia, para o qual havia prestado concurso público no início do ano. Interrompi assim meu repouso forçado pela hepatite para entrar com meu pedido de demissão da UCSal e  assinar meu contrato com a UFBA.



 Universidade Católica de Salvador - UCSAL
Campus da Federação


2.3   Ensino na Universidade Federal da Bahia (09/1982 até hoje)

Este ano de 2016, completo 34 anos como docente da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH) da Universidade Federal da Bahia, no Campus de São Lázaro – minha segunda casa por todos esses anos!  Mas minha primeira visita à FFCH e, mais especificamente, ao Departamento de Antropologia, órgão no qual estou lotada desde 1982, se deu há mais tempo, em outubro de 1980, logo no mês seguinte a minha mudança de Boston para Salvador com a família.
Naquela época – e, na verdade, por muito tempo – o Departamento de Antropologia ficava na ‘senzalinha’, uma pequena edificação entre o ‘casarão’ de São Lázaro e o prédio de Psicologia, para nós conhecido como ‘Iguatemi’. Eram quatro pequenas salas cheirando a mofo e cheias de insetos repugnantes, transformadas depois em instalações para uso dos vigilantes até que, já caindo aos pedaços, foi derrubada para dar lugar a barraquinha de Dona Teresa.
Na primeira vez que lá estive, conversei com a Profa. Dra. Yeda Castro, Chefe do Departamento, que me informou sobre os planos de um concurso público para teoria antropológica, com a abertura de várias vagas. Interessada no referido concurso, voltei ao departamento meses depois, desta feita grávida de 4 meses de meu filho, João, e trazendo comigo minha filha Marina, à época com 18 meses. Encontrei-me, novamente, com a Profa.Yeda, então Chefe do Departamento de Antropologia, que me apresentou à Profa. Consuelo Pondé, sua vice, que faleceu em 2015. Lembro-me que ficamos as três conversando sobre as dificuldades enfrentadas por nós, mulheres, para dar conta das demandas da vida acadêmica tendo que cuidar também da família, Consuelo afirmando que, assim mesmo, criara 4 filhos.
Voltei mais uma vez ao departamento depois do nascimento de meu filho,  para me inscrever para o Concurso, mas o tão esperado edital ainda não havia sido  publicado. Conheci então o Prof. Jeferson Bacelar, chefe do Departamento, que me convidou para participar como palestrante da Semana de Antropologia, a se realizar no início de dezembro. Recordo-me que esse evento foi realizado no Museu Costa Pinto, no Corredor da Vitória. Na noite da minha fala, levei meu filho João, então com três meses, pois ainda o amamentava. Ele dormiu serenamente no cestinho, só acordando para mamar... Nessa mesma noite, conheci a Profa. Maria Hilda Paraíso, atual Diretora da FFCH, e os Profs. Luiz Mott, Ronaldo Senna, Thales de Azevedo e Vivaldo Costa Lima, todos do Departamento de Antropologia, ali presentes. Conheci também a Profa. Dra. Eunice Durham, da USP, palestrante convidada. E encontrei mais uma vez o Prof. Jeferson Bacelar, que me falou da vaga de docente para a disciplina Antropologia Social na UCSal.
Todavia, o edital para o tal concurso da UFBA – que abriria mais de 400 vagas para docentes em vários departamentos - só sairia no ano seguinte (1982). Fiz logo minha inscrição, mas tive uma desagradável surpresa, quando a Congregação da FFCH não pode homologá-la em virtude de meus diplomas, tanto o de Bacharelado em Antropologia, da ISU, quanto o de Mestrado em Antropologia Social, da BU, não estarem ainda revalidados no Brasil. Fui informada, porém, que para revalidar meu diploma de Bacharelado, eu teria que voltar a cursar disciplinas de graduação, muito embora já tivesse o Mestrado. Já meu diploma de mestrado da BU havia acabado de chegar, mas estava sem o reconhecimento do Consulado Brasileiro em Boston. E o tempo urgia!  
Resultado: com um empréstimo de meu amigo José Sérgio Gabrielli, meu colega na Boston University e desde nos anos 1980, também na UFBA, comprei passagem e viajei da noite para o dia para Boston, obtendo a documentação e assinaturas necessárias na BU para o devido reconhecimento no Consulado, voltando de imediato a Salvador. Tudo isso em um espaço de 3 dias, tempo suficiente para dar entrada no pedido de revalidação do diploma de Mestrado na UFBA e, com ele, solicitar, mais uma vez, a homologação da minha inscrição para o concurso para ingresso no Departamento de Antropologia, só assim deferida. Mas valeu a pena!
O Concurso foi realizado em abril daquele ano (1982), constando de prova teórica escrita, prova didática e análise de currículo com base em barema específico. Na prova escrita, sentei-me entre Ordep Serra, hoje Professor Aposentado do Departamento de Antropologia, e Roberto Albergaria, também aposentado pelo Departamento e meu querido amigo, recém-falecido. Antes do sorteio do ponto, comentávamos como poderia cair qualquer um, menos ‘Métodos e Técnicas de Pesquisa em Antropologia’, que implicaria em uma longa discussão. Para nosso desalento, porém, eis que esse tal ponto foi o sorteado! Mais creio que me saí bem...
Na prova didática, contudo, me dei bem melhor: o ponto sorteado foi ‘Marxismo e Antropologia’, tema constante do meu exame de qualificação para o doutorado na BU, realizado um ano antes e sobre o qual eu me sentia bastante segura. Quem o sorteou para mim foi a Profa. Dra. Luzinete Simões, então Vice Coordenadora do Colegiado do Curso de Ciências Sociais da UFBA, hoje aposentada pela Universidade Federal de Santa Catarina e minha parceira em várias atividades vinculadas ao PROCAD – Programa de Intercâmbio Acadêmico que o PPGNEIM desenvolve com a UFSC.  Até hoje sou agradecida à Luzinete...
Na banca do concurso sentaram os Professores Luiz Mott, Carlos Ott e Julio Braga, que me cumprimentaram ao final da aula, mesmo tendo eu passado um mau pedaço. Na noite anterior, eu estava muito tensa dando os últimos retoques nos Planos de Aula a serem entregues à banca no dia seguinte, após o sorteio do ponto.  Meus filhos, então pequenos, Joãozinho ainda bebê, sentiram essa tensão e acordaram chorosos várias vezes durante a noite. Para não perder a hora – o sorteio do ponto seria ao meio-dia e eu não poderia atrasar – caí na besteira de tomar um ‘Reativam’, um estimulante, que ajudou, mas não sem causar problemas. Poucos minutos antes de concluir o tempo mínimo para minha aula, tive vários segundos de ‘branco total’. Não sabia quem eu era, onde estava, o que estava acontecendo! Ainda bem que consegui voltar a mim antes do tempo se esgotar e concluir a aula – tida como excelente pelo Prof. Ott!!!
Passado o concurso e tendo sido classificada dentro os cinco a serem convocados – Edwin Reesink, eu, Roberto Albergaria, Yolanda Paradella e Ordep Serra, nessa ordem de classificação – restou-me aguardar a chamada. Quando dois meses se passaram e nada de convocação oficial, um grupo de candidatos e candidatas classificadas/os no Concurso resolveu se reunir e pressionar a UFBA e, por fim, o Ministério da Educação – MEC, para a implementação das vagas já abertas por decreto. Foi nesse grupo que vim a conhecer minha grande amiga, Ana Alice Alcantara Costa, aprovada no concurso para Ciência Política, com quem mais tarde fundaria o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM e daria início a nossa ‘aventura’ no Feminismo Acadêmico no Brasil, sobre o que detalharei mais adiante (SARDENBERG, 2015a) .


Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher - NEIM/UFBA


Nosso movimento, aliado ao dos estudantes em várias unidades da UFBA, demandando a contratação das/os docentes classificadas/os – na FFCH, o corpo estudantil entrou em greve – logrou um pequeno sucesso: um primeiro grupo de docentes foi contratado, eu dentre eles. Assinei meu contrato como ‘Professor’ em 14 de setembro de 1982, lotada no Departamento de Antropologia e Etnologia, passando para o quadro da UFBA, como ‘Professor Assistente’ em julho do ano seguinte (1983).

2.3.        Departamento de Antropologia e Etnologia da FFCH da UFBA
            Ao longo das quase três décadas e meia que venho atuando no Curso de Ciências Sociais como professora, lotada no Departamento de Antropologia e Etnologia da UFBA, fui responsável por várias das disciplinas ali oferecidas, a saber: Antropologia I, Antropologia II, Antropologia III, Antropologia V, Etnologia Geral e do Brasil, Técnicas de Investigação e Elaboração de Projetos (TIEP), Técnicas de Investigação e Análise (TIA) em Antropologia, Prática de Pesquisa em Antropologia, Curso Monográfico sobre Perspectivas Antropológicas sobre a Mulher, Estudo de Sistemas de Parentesco, Seminário em Ciências Sociais, Etnografia, Antropologia Brasileira Contemporânea e, no momento, finalmente, Curso Monográfico em Antropologia Feminista.





Turma de Etnografia 2014
FFCH/UFBA

            Por muito tempo, lutei pela criação da disciplina ‘Antropologia de Gênero’ no Programa do Curso de Ciências Sociais, mas não consegui entusiasmar meus colegas de departamento para que se levasse a proposta adiante. O processo foi perdido, engavetado, sumiu! Só consegui oferecer essa disciplina como ‘Curso Monográfico’, estando agora, neste presente semestre, oferecendo finalmente o Curso Monográfico em Antropologia Feminista. Já considero isso uma pequena vitória!  Devo ressaltar, porém, que conseguimos introduzir a disciplina Antropologia de Gênero no Programa do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade, curso que brotou dos esforços da equipe do NEIM.            
É claro que, a bem ou mal, a perspectiva da Antropologia Feminista se inseriu em todas as disciplinas que ofereci ao longo das minhas três décadas e meia no Departamento de Antropologia. Não haveria como não fazê-lo, vez que foi a partir dessa perspectiva que fui construindo a minha aventura antropológica! Da mesma forma, é a perspectiva antropológica que tem me guiado nas minhas reflexões no campo dos estudos feministas, trabalhando eu, portanto, com um duplo olhar crítico, tal qual enunciado já no artigo de Maria Luiza Heilborn et al (1981) em “Perspectivas Antropológicas da Mulher.” A Antropologia Feminista, produto desse duplo olhar crítico, se coloca assim em um campo fronteiriço e nós, antropólogas feministas, como ‘forasteiras dentro’, com um pé dentro e outro fora da Antropologia e, ao mesmo tempo, com um pé dentro e outro fora dos Estudos Feministas. 
Posso então dizer que tenho levado a perspectiva da Antropologia Feminista para todas as disciplinas que ofereci ao longo da minha carreira docente. E, na UFBA, foram várias turmas de alunos e alunas que passaram por minhas salas de aula nessas disciplinas, alguns e algumas hoje em posição de destaque, a exemplo, dentre outros, do Deputado Afonso Florence, Ex-Ministro de Desenvolvimento Agrário e hoje Líder do PT na Câmara Federal; do Vereador Gilmar Santiago, da Câmara Municipal de Salvador; da Profa. Amelinha Maraux, que foi Vice Reitora da UNEB e; da Profa. Carla Liane, atual Vice-Reitora da UNEB.
            Como se verá em outro capítulo, tive também a oportunidade de orientar vários alunos e alunas do Bacharelado em Ciências Sociais com concentração em Antropologia na elaboração das suas monografias de conclusão de curso, bem como diversos outros e outras como bolsistas de iniciação científica.
            Já servi o Departamento como Chefe (1989-1991/1991-1993), já fui sua representante em colegiados de diferentes cursos, em especial, o de Ciências Sociais, servindo nele como Coordenadora de Colegiado (1993-1994), já fui até Vice-Diretora da própria FFCH.  Mas confesso que não tenho uma boa veia administrativa: prefiro a sala de aula! Continuo apaixonada pela Antropologia e, espero, passando essa paixão para meus alunos e minhas alunas também!




Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas - FFCH/UFBA
Campus de São Lázaro, Salvador, BA



2.3.2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – PPGCS/UFBA
Minha associação com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFBA se iniciou em 1983, com a criação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM, como parte do então Mestrado em Ciências Humanas, na época, sob a coordenação da Profa. Dra. Consuelo Sampaio.
            Ao longo dos anos, vivenciei as mudanças que ocorreram no Programa, ou seja,
de Mestrado em Ciências Humanas (que incluía História) para Mestrado em Ciências Sociais (quando foi criado o Mestrado em História) e, posteriormente, com a criação do Doutorado em Ciências Sociais, para Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, tendo atuado, então, como Vice Coordenadora do PPGCS ao lado do Prof. Dr. Paulo César Alves, o Coordenador do Programa na época (1997-1999).
Como Professora Permanente do PPGCS, de 1983 a 2010, fui responsável pelas disciplinas: Estudos Feministas, Dinâmica das Relações de Gênero, Raça e Classe, Estudos sobre Gênero e Trabalho e Teoria Antropológica Contemporânea, algumas delas depois oferecidas no PPGNEIM, a ser discutido mais adiante. Encontrei, no PPGCS, um espaço aberto para o campo dos estudos feministas, não apenas na oferta de disciplinas, como também na orientação de alunas e alunos do Programa. De fato, como se verá adiante, no PPGCS orientei cerca de 20 alunos e alunas na elaboração de suas dissertações de mestrado e teses de doutorado, tendo o prazer de ter algumas das minhas orientandas (as Profas. Dras. Márcia dos Santos Macêdo e Márcia Santana Tavares) trabalhando agora comigo no PPGNEIM.

 
2.3.3 Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismos – PPGNEIM
O Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo da FFCH da UFBA foi primeiro  um grande sonho da equipe do NEIM, que desde os anos 1990 acalentava a ideia de um programa dessa ordem. Em especial, havíamos sido incentivadas a criar tal programa por Sonia Alvarez, então Diretora da área de gênero na Fundação Ford, junto com Mariza Navarro, que viera ao Brasil como consultora da Ford, para avaliar os projetos que o NEIM desenvolvia com a apoio da Fundação, sobre o que discorrei mais adiante.
Apelidado, por nós, de “Projeto Baby Doll Lilás” (não me lembro o porquê do nome!), o projeto de pós-graduação do NEIM era discutido na sala de visitas da companheira Ívia Iracema Alves, onde ela, Ana Alice Costa, Alda Motta, Silvia Lúcia Ferreira, Elizete Passos e eu trabalhávamos em uma proposta a ser apresentada para a Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFBA. No entanto, naquela época, fomos desencorajadas a seguir adiante com a proposta, pois ninguém acreditava que ela pudesse ser aceita pela Câmara de Pós-Graduação da UFBA, muito menos pela CAPES.

A partir de 2003, porém, novos ventos trazendo o PROUNI, trouxeram também a possibilidade de avançarmos no sentido da criação de cursos de pós-graduação inter e multidisciplinares. Por sugestão do Magnífico Reitor, Prof. Dr. Naomar Almeida, apresentamos uma nova proposta de programa, elaborada pela Profa. Ana Alice Costa e por mim, com a colaboração das demais professoras e pesquisadoras da equipe do NEIM, logrando aprovação em todas as instâncias da UFBA e na CAPES.  Assim foi criado o PPGNEIM, com aula inaugural em Março de 2006, tendo eu a honra de proferir essa ‘aula magna’.
Trata-se do Primeiro Programa desse tipo, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina! Mais recentemente, foram criados programas de doutorado em estudos de gênero em Córdoba, Argentina, na Universidade de San Cristobal de las Casas, na Região de Chiapas, México e, no ano passado, o Programa de Doutorado em Estudos de Gênero na Universidad Autonoma Metropolitanta de Xochimilco, México, todos inspirados em nossa ousadia no NEIM.



Primeira Turma do PPGNEIM

No PPGNEIM, atuo como Professora Permanente, tendo sido responsável principalmente por disciplinas obrigatórias: a) Seminários de Teorias Feministas I, que resgata algumas das principais contribuições teóricas feministas nos estudos sobre mulheres e relações de gênero; b) Seminários de Teorias Feministas II, oferecida só para alunas do doutorado e voltada para a crítica feminista à ciência e para as epistemologias feministas e; c) Seminários Multidisciplinares de Pesquisa, que se volta para uma reflexão sobre as pesquisas desenvolvidas dentro das perspectivas feministas.
Devido a minha responsabilidade pela oferta dessas disciplinas - e mesmo tendo agora a colaboração de minha colega, Márcia Macêdo, que assumiu Seminários de Teorias Feministas I -, só consegui oferecer uma disciplina optativa: Dinâmica das Relações de Gênero, Raça e Classe, minha disciplina favorita e que me inspirou na elaboração do artigo “Caleidoscópios de Gênero: Gênero e Interseccionalidades na Dinâmica das Relações Sociais”, recém publicado (SARDENBERG, 2015d). Sempre que ofereço essa disciplina (e faz tempo que não o faço), inicio o semestre com o “Exercício dos Privilégios” (Privilege Exercise), por nos permitir identificar e refletir sobre as marcas da interseccionalidade de gênero, raça, classe, orientação sexual, etc., nas nossas vivências, antes de podermos teorizar sobre tal fenômeno.



Segunda Turma do PPGNEIM


2.3.4 Programa de Pós-Graduação em Antropologia - PPGA
O Programa de Pós-Graduação em Antropologia-PPGA foi criado em 2007, época em que, além de atuar como Professora Permanente no PPGNEIM (criado um ano antes), eu ainda me encontrava como Professora Permanente do PPGCS, sendo responsável pela orientação de alunos de doutorado. Assim, só em 2012, quando as respectivas teses foram defendidas, foi que pude então participar do PPGA.
Desde então, além de orientar uma dissertação de mestrado, já defendida, e uma tese de doutorado em andamento, já fui responsável pela oferta de disciplinas obrigatórias, a saber: a) Seminário Avançado de Teoria Antropológica (2014.1), oferecida para alunos de Doutorado e; b) Teoria Antropológica Contemporânea (2015.1), para alunos de Mestrado.  Confesso que, para mim, foi importante adentrar mais a fundo no ensino da Antropologia, em nível de pós-graduação; constato, porém, que o viés androcêntrico ainda permeia grande parte das abordagens na teoria antropológica, até mesmo as mais recentes.


Turma Doutorado 2014 - PPGA/UFBA


2.4      Participação como Docente em Cursos de Especialização (Latu Sensu)

            Além de participar como docente em cursos de pós-graduação stritu sensu, tenho participado também de cursos de especialização, com destaque para aqueles oferecidos pelo NEIM/UFBA.  Aliás, tive o prazer de organizar e coordenar o primeiro curso dessa natureza que oferecemos, o Curso de Especialização em Gênero e Desenvolvimento Regional, oferecido em parceria com a REDOR – Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos sobre Mulheres e Relações de Gênero, com apoio da Fundação Ford. Nesse curso, fui responsável pela disciplina ‘Seminários de Gênero e Desenvolvimento I’, oferecido de novembro de 2001 a maio de 2002, além de orientar monografias, a serem discutidas no próximo capítulo.



Confraternização Turma do Curso de Especialização em Metodologias do Ensino de Gênero
NEIM/UFBA

            Participei ainda do Curso de Especialização em Metodologias do Ensino de Gênero e Outros Temas Transversais, oferecido pelo NEIM/UFBA em de abril/2004 a janeiro/2006, bem como do Curso de Especialização em Gênero e Desenvolvimento Regional com Concentração em Políticas Públicas, sendo responsável, em ambos, pela disciplina ‘Fundamentos das Teorias de Gênero’,  bem como pela orientação de alunas do curso na elaboração de monografias.
            No início dos anos 2000, voltei à UCSal para atuar como responsável pela disciplina ‘Metodologia Científica’ no Curso de Especialização em Terapia Familiar oferecido pela CEPEX, tendo também orientado alunas desse curso na elaboração de suas respectivas monografias de conclusão do curso, tal como discutirei mais adiante neste memorial.
            Outro curso do qual tive participação como docente, desta feita, responsável pela disciplina “Gênero nas Organizações”, foi o Curso de Especialização Gestão Associativa e Desenvolvimento Local, em dezembro de 2003, oferecido pelas Faculdades Olga Mettig.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Cap. I - 1.4 Estágio Pós-Doutoral como Visiting Fellow no Institute of Development Studies - IDS/Inglaterra

1.4 Estágio Pós-Doutoral como Visiting Fellow no Institute of Development Studies – IDS/Inglaterra

           
            No início dos anos 2000, fomos procuradas no NEIM/UFBA por um representante do Conselho Britânico, órgão do Department for International Development-DFID, da Grã-Bretanha, que nos falou do programa ‘Higher Education Link’, por meio do qual poderíamos estabelecer parcerias com universidades britânicas para o intercâmbio de pessoal docente e pesquisadoras/es. Tendo conhecimento dos trabalhos desenvolvidos por pesquisadoras da ‘Subordination of Women Workshop-SOW’, muitas vinculadas ao Institute of Development Studies – IDS, na University of Sussex, Inglaterra, interessei-me em articular uma parceria com aquele órgão (IDS).[1]





Foi assim que enviei uma mensagem para a Dra. Andrea Cornwall, Fellow no IDS, procurando saber se haveria interesse em articularmos uma proposta de parceria por meio do Conselho Britânico. Ela me respondeu prontamente, confirmando seu interesse e lembrando-me que já nós conhecíamos, tendo-nos encontrado anos atrás, quando da sua primeira vinda a Salvador (1992). Agendei, assim, uma visita ao IDS, realizada em novembro de 2001, com o apoio do Conselho Britânico, tendo aproveitado essa ida à Inglaterra para participar, também, do I Seminar, ‘A New Girl Order?’, que teve lugar em Londres.[2]



Lyla Mehta, eu, Anne Marie Goetz, Naila Kabeer e Andrea Cornwall
Minha primeira visita ao IDS - 2001 


Essa visita deu muitos frutos: Andrea Cornwall e eu elaboramos um projeto de Higher Education Link entre o NEIM/UFBA e o IDS, intitulado ‘Strengthening Gender and Development Studies in Northeastern Brazil’ (2002-2005), que foi aprovado e iniciado em 2003, tendo nós duas como co-coordenadoras.[3] Na implementação do Projeto, contamos com o apoio do Conselho Britânico, para o custeio de estadias e, o da FAPESB (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia), para as passagens. Usufruí, assim, entre 2003 e 2006, de três períodos de estágio pós-doutoral, de cerca de três semanas de estadia no IDS como Visiting Researcher, cada um, o que abriu novas possibilidades de intercâmbio e de trabalho conjunto. Destaque-se, em especial, a elaboração e desenvolvimento do Projeto “Pathways of Women’s Empowerment Research Programme Consortium”, financiado inicialmente pelo Department for International Development-DFID, do Governo Britânico (2006-2012) e, posteriormente, pelo governo norueguês (2010-2015).[4] 


Com Ana Alice Costa, Andrea Cornwall, Takywaa Manuh e Naila Kabeer
1a.reunião de articulação do Pathways RPC
IDS, 2005

Falarei mais sobre esse projeto adiante. No momento, cabe observar que, na qualidade de Coordenadora (‘Hub Convenor’) para a América Latina do Projeto Pathways – na UFBA conhecido como Projeto Trilhas do Empoderamento de Mulheres/TEMPO -, tive a possibilidade de usufruir também de vários estágios menores no IDS como pesquisadora visitante, bem como um estágio pós-doutoral de três (3) meses, de outubro de 2013 a janeiro de 2014.  Nesse período, participei como professora visitante do seminário sobre “Gender and Development” do Programa de Mestrado em Gênero e Desenvolvimento da Univ. de Sussex em parceria com o IDS, ministrando dois seminários: um sobre Feminismos Transnacionais e outro sobre Gênero, Poder e Empoderamento.[5] Participei, também, como conferencista convidada, do simpósio, “Theorizing Gender and Development In and Through Teaching. Challenges and Possible Futures. Workshop for GAD Teachers’, que teve lugar na Universidade de Bergen, Bergen, Noruega, em novembro de 2013, quando apresentei o trabalho ‘Teaching Gender and Development in Brazil: Theoretical and Practical Political Issues”.[6]




Alunas/os do Masters' Programme em Gender & Development
IDS, 2013


Meus estágios no IDS me renderam, também, participação em uma série de diferentes eventos, quais sejam:
 - Conferência sobre “Feminist Fables and Gender Myths: Repositioning Gender in Development Policy and Practice,” realizado no IDS, University of Sussex, Falmer, UK, de 2 a 4 de julho,  2003, quando apresentei o trabalho “Back to Women? Translations, Re-Significations, and Myths of Gender in Development Policy and Practice in Brazil” (SARDENBERG, 2005);[7]
 - Conferência sobre ‘Women's Empowerment and Gender Equality: Beijing + 10 and Beyond,’ realizado no IDS, University of Sussex, Brighton, Grã-Bretanha, em setembro de 2004, ocasião em que apresentei o trabalho ‘With a Little Help of our Friends” (SARDENBERG, 2004);[8]



Seminário da Womenkind, Londres, 2004


 - Seminário ‘Global Challenges to Women's Human Rights: 25 Years of CEDAW,’ organizado pela Womenkind Worldwide, no Portcullis House, Westminster, Inglaterra, em setembro de 2004, quando apresentei o trabalho: ‘Feminist organisation and the future of women’s human rights: the perspective from Brazil;’[9]
- “IDS40 Conference”, evento que marcou os 40 anos do Institute of Development Studies, realizado no IDS, em Brighton, Inglaterra, em outubro de 2006, tendo eu participado como debatedora na mesa sobre “Power and Inequality”;[10]
-  Pathways of Women’s Empowerment RPC Workshop, Luxor, Egito, outubro de 2006;



Luxor, Egito, 2006

- Participação no Colóquio “Strategy Planning Workshop of the Feminist Network on Gender, Development and Information Society Policies”, October 5-7, 2007, Bangalore, India, promovido pelo IT for Change, quando apresentei o trabalho ‘Looking at Sexuality and Identity in the Information Society from a Latin American Feminist Perspective: Implications for policy formulation,” (SARDENBERG, 2007);[11]
- Conferência “Reclaiming Feminism – Gender and Neo-Liberalism,” realizada pelo Pathways of Women’s Empowerment RPC, no Institute of Development Studies (IDS), Brighton, UK, de 9 a 10 de julho de 2007, quando apresentei o trabalho “Liberal vs Liberating Empowerment: A Latin American Feminist Perspective” (SARDENBERG, 2009);[12]
- “Sexuality and Development Workshop” promovida pelo Sexuality and Development Group do IDS e o Pathways of Women’s Empowerment RPC, na Univ. of Sussex, Brighton, Inglaterra, de 3 a 5 de abril de 2008, quando apresentei o trabalho ‘Ageing Women and Culture of Eternal Youth” (SARDENBERG, 2014);[13]
- Conferência “Voicing Demands: Feminists Reflecting on Strategies, Negotiations and Influence”, realizada pelo Pathways of Women’s Empowerment RPC com o apoio da Rockfeller Foundation Bellagio Center, Bellagio, Itália, de 2 a 9 de novembro de 2009, quando apresentei o trabalho “Thirty Years of Feminisms in Brasil: Plurality and Diversity”, escrito em parceria com Ana Alice Costa (SARDENBERG; COSTA, 2010);[14]


Bellagio, Itália 2009

- Participação na Mesa organizada pelo UK Gender and Development Network, One World Action e Amnesty International para o Fórum de NGOs da 54a Reunião Anual da  Comissão do Status da Mulher (CSW) da ONU, realizada no UN Church Center, N.York, em março de 2010, quando apresentei uma comunicação sobre “Feminists and the MDGs: Perspectives from Brazil;”[15]
- Participação em mesa organizada pela UN-Women (ONU Mulheres) durante a  56a Reunião da Commissão do Status da Mulher – CSW, apresentando a comunicação sobre ‘Domestic Violence and Women's Access to Justice in Brazil, ", 2012;[16]
Participação na Conferência “Pathways of Women's Empowerment:  Taking Stock and Moving on’ realizada pelo Pathways of Women’s Empowerment RPC em parceria com a School of Oriental e Asian Studies – SOAS da University of London, SOAS, Londres, fevereiro de 2012, apresentando o trabalho “Sexual Practices, Contraception and Abortion among Women of the Working Classes of Bahia” (SARDENBERG, 2013); [17]





No Parlamento Inglês, com a Hon. Baroness Glenys Kinnock
Londres, 2012

Participação como Expositora no Seminário “Empowering Women and Girls: What Works?”, promovido pela Hon. Baroness Glenys Kinnock, House of Lords, conjuntamente com o Pathways of Women’s Empowerment Reserach Program Consortium, e realizado no Parlamento Inglês, Londres, 17 de janeiro de 2012.
-  Participação como Debatedora no ‘Expert Group Meeting - ‘Envisioning women’s rights in the post 2015 context’’, organizado pela  UN Women, em N. York, outubro de 2014 (SARDENBERG, 2014); [18]


Com Raewyn Connell no UN-Women Expert Group Meeting,
Glen Cove Mansion, New York, outubro 2014

-  Participação na 59a Reunião da CSW/ONU, com apoio da UN-Women, março de 2015, integrando a Delegação Brasileira.[19]

Além da participação nesses eventos, meus estágios no IDS também propiciaram minha participação, desde 2003, como membro integrante da International Advisory Committee-IAC do BRIDGE - Gender and Development Research and Information Service, serviço vinculado ao Grupo de Gênero e Sexualidade do IDS/Brighton.[20] Como integrante da IAC, participei também dos seguintes eventos internacionais:
- Fórum da AWID – Association for Women’s Rights in Development, Bangkok, Tailândia, outubro de 2006;




Com Naila Kabeer, Forum AWID 2012, Istambul, Turquia



-  Fórum da AWID, Istambul, Turquia, maio de 2012.

Mesmo com esse amplo leque de participações em esferas internacionais (e sem contar aqui as que envolvem a América Latina), um avaliador de meu projeto para o CNPq ainda achou que minha inserção internacional é apenas ‘média’. Vá entender...


1.5. Curso de Formação, Gender and Development Training Center, Holanda -2002

            Sob os auspícios do Conselho Britânico, tive a oportunidade de participar por duas semanas, durante o mês de fevereiro de 2002, do Curso de Formação para Formadores, oferecido pelo Gender and Development Training Center, em Alkmaar, na Holanda.[21] Tratou-se de um curso intensivo oferecido em português para participantes do Brasil, Portugal e países lusofônicos da África. Foram duas semanas passadas em uma pequena pousada, à beira mar em Egmond aan Zee, com comida maravilhosa e a companhia de pessoas que só me fizeram crescer! Dentre elas, Carla Gisele Batista, à época vinculada ao SOS Corpo, que depois viria para o PPGNEIM cursar o mestrado sob minha orientação.



Holanda, 2002

Como desdobramento desse curso, dois outros semelhantes foram oferecidos no Brasil, sob a minha coordenação: um primeiro em Salvador, Bahia, em junho de 2002, promovido pelo NEIM/UFBA em parceria com o Conselho Britânico e; um segundo curso de Formação de Formadoras/es, em Recife, Pernambuco, em setembro de 2002, sob a coordenação do SOS/Corpo em parceria com o NEIM/UFBA e o Conselho Britânico.[22]



Curso em Salvador, 2002

Como parte dessas atividades, fiz a tradução para o português do texto de Naila Kabeer, “From Feminist Insights to an Analytical Framework: an institutional perspective on gender inequality”, publicado originalmente em inglês (KABEER, 1999) tradução esta recentemente publicada na Revista Feminismos , sob o título, “Desde as contribuições feministas, para um quadro analítico: as desigualdades de gênero em uma perspectiva institucional” (KABEER, 2013).



[1] Veja-se, por exemplo, o comprovante No.38
[2] Comprovante No.39
[4] Sobre o Projeto Pathways veja-se www.pathwaysofempowerment.org. Veja-se, também, o link para o projeto no Brasil: http://www.projetotempo.neim.ufba.br/
[5] Comprovante No.41
[6] Comprovante No.42
[7] Comprovante No.43
[8] Comprovante No.44
[9] Comprovante No.45
[10] Comprovante No.46
[11] Comprovante No.47
[12] Comprovante No.48
[13] Comprovante No.49
[14]Comprovante No.50
[15] Comprovante No.51
[16] Comprovante No.52
[17] Comprovante No.53
[18] Comprovante No.54
[19] Comprovante No.55
[20] Veja-se: http://bridge.ids.ac.uk/what-bridge/international-advisory-committee-iac
[21] Comprovante no.56
[22] Comprovante No.57